quarta-feira, 27 de janeiro de 2010




Escolho os meus amigos não pela pele.

Nem outro traço qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábito.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles, não quero resposta, quero o meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias
e aguentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.
Não quero só ombro ou cólo,
quero também sua alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim:
metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis e nem choros piedosos.
Quero amigos sérios,
daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem,
mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos e nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice.
Criancas, para que não esqueçam o valor de um vento no rosto
e velhos o bastante para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos,
bobos e sérios, crianças e velhos,
nunca me esquecerei de mim e  que a “normalidade” é uma ilusão imbecil e estéril .

Oscar Wilde

Texto enviado pelo grande amigo Horácio Mello.

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